Terapia do Origami

Nunca me esqueço de que quando eu estava na segunda série e com 8 anos, era obrigatório no Colégio Rio Branco, aulas de dobradura. Não era uma matéria que fazia parte da aula de educação artística não, a aula era especificamente sobre dobraduras ! Que maldade comigo , afinal nunca me dei bem. rssss. Fazer dobraduras era algo dificílimo para mim. Primeiro, a professora apresentava para a classe o modelo de dobradura que iríamos fazer. Era cada coisa estranha, vocês tinham que ver. Depois, ela pacientemente ía fazendo a dobradura por etapas para que a classe observasse e ao mesmo tempo em que ela fazia a dobradura dela, cada aluno faria o seu. Não sei o que acontecia comigo, mas a verdade é que eu nunca conseguia concluír. Até certo ponto tudo funcionava bem, mas depois tadinha de mim, eu ficava completamente agoniada e a professora precisava saír do local dela e ir de encontro ao meu, que nessas alturas já estava com os olhinhos cheios de lágrimas...rsrs. O fato é que fazer dobradura, é uma ótima terapia para a mente. Ela exercita os dois lados do cérebro, desenvolve sua capacidade de concentração, trabalha com as articulações ( desde que nunca em excesso),além de um monte de benefícios terapêuticos...Acho que esse era o GRANDE objetivo daquela matéria assustadora para mim... Não saber fazer dobraduras foi uma das minhas maiores frustações quando eu era criança. Acreditem que ainda nos dias de hoje, eu com quase 30 anos, não sei fazer nem o aviãozinho básico. Outro dia, era a comemoração de dia das mães lá no local que eu sou voluntária e uma das pessoas teve a idéia de que cada criança fizesse uma dobradura que resultava numa flor com vazinho ( algo assim) para presentear a mãe. Conclusão : cada voluntário teria que ajudar. Na hora que eu vi aquele monte de papel esperando para ser dobrado e virar um não sei o quê, me deu um desespero. Voltei no tempo e no passado. Me senti a aluna de 8 anos,com o olhinho cheio de lágrima em total aflição. Respirei fundo, me concentrei e quando achei que tivesse fazendo bonito, o negócio parou no meio. Não saía mais dobradura nenhuma e eu já fiquei com vontade de rasgar aqueles papéis todos, amassar e fazer uma bolota bem grandona para arremessar no lixo mais próximo...rsrs... Simplesmente não dava certo. Bom, não sei se é por frustração do passado,desespero, mas a verdade é que eu sou COMPLETAMENTE apaixonada por ORIGAMIS. Quem entra no meu quarto, vê um monte daqueles passarinhos tradicionais japoneses ( tsurus) por tudo que é lado. Quando eu vou no bairro da Liberdade aqui em São Paulo, não consigo deixar de trazer nenhum tsuru, kame, kaeru... Acho a coisa mais linda, porisso trouxe hoje um pouquinho sobre a história do Origami, essas dobraduras perfeitíssimas que carregam tanta tradição, cultura, beleza e paciência.
ORIGAMI( ORIKAMI):
ORI : dobrar. Kami : Papel
Segundo alguns estudiosos as primeiras figuras de origami surgiram na antigüidade, por volta do século VI, quando um monge budista trouxe para o Japão o método de fabricação do papel da China.Um origami formal utilizado até os dias de hoje é o noshi, um ornamento colocado sobre o embrulho de presente, que significa que a pessoa que deu presente deseja muita fortuna para a aquela que foi presenteada. Os japoneses diziam que todo presente deveria ser embrulhado em papel puramente branco, e se isso não fosse possível, que utilizasse o noshi simbolizando este branco do costume japonês. Se formos analisar o conceito do origami a nossa impressão é de ser algo fácil e "bobinho". Mas os princípios básicos ditam que o origami deve ser confeccionado à partir de um papel plano, bidimensional, a fim de que o resultado seja um objeto com três dimensões. Isto ainda sem utilizar-se de outros materiais como tesoura, cola ou similares.
A partir do século XVII, estas rígidas regras foram um pouco alteradas dando a liberdade de se utilizar pequenos cortes, desde que isto seja feito no início do origami.
O origami conhecido atualmente teve origem na Era Heian , época em que o origami deixa de ser formal para ser mais recreativo, evoluindo para as formas de garças, barco e bonecas.
Segundo o professor Massao Okamura de 65 anos, o origami teve início no século XVII pelos samurais. Foram eles que deram os primeiros passos para o formato dos origamis atuais. E o interessante, é que ao contrário dos dias de hoje, em que o origami é visto como uma atividade infantil, até meados do início do século XIX, era considerado como um passatempo divertido e interessante restrito aos adultos, principalmente devido ao valor muito caro da matéria-prima.
Com o passar do tempo, a população japonesa passa a conhecer e aprimorar o origami, tornando-o uma herança de família, algo passado de pai para filho, de geração à geração.Uma tradição mesmo.
Setenta tipos de origami como o "tsuru"(conhecido também como o pássaro), sapo, íris, lírio, navio, cesta, balão, homem, receberam a denominação de origami, "origaka", "orisue", "tatami-gami", etc.
Os origamis de origem ocidental apresentavam as formas geométricas como característica predominante, enquanto que as do Japão sempre foram mais figurativas, ou seja, imitando formas de animais, pessoas, flores, etc. Por este motivo em uma determinada época o origami foi bastante criticado, pois acreditava-se que era uma arte imitativa, mas só com o tempo que se provou o contrário.
Há um registro de que no século XVIII, um grupo de japoneses se apresentaram em Paris, demonstrando vários origamis, como o tradicional Tsuru.
Enquanto o intercâmbio internacional tornava o origami conhecido em todo o mundo, após a I Guerra Mundial as aulas de origami foram eliminadas das escolas japonesas, alegando que eram consideradas não-didáticas para o sistema educacional.
Alguns origamis mais conhecidos e seus significados :
Tsuru ( pássaro) tem como significado principal a felicidades, saúde e boa sorte. Diz a lenda que quem fizer mil Tsurus, com o pensamento voltado para aquilo que deseja alcançar, terá bons resultados.
Kaeru ( o famoso sapinho ) no idioma japonês significa voltar, e com isto o amuleto passou a ser usado como sinônimo de boa sorte. Os japoneses acreditam que carregando o kaeru eles terão o dinheiro que gastam de volta. Então se você é daqueles que não gosta de perder dinheiro, e sempre quer atrair coisas boas, deve procurar carregar sempre com você um kaeru na bolsa, na carteira até mesmo no bolso da roupa.
Kame ( tartaruga), é o símbolo da longevidade, estabilidade e equilíbrio.
No Feng Shui ter enfeites de tartaruga em casa é sinônimo de vida longa e sabedoria, mesmo ela tendo um aspecto lento e passivo, afinal as tartarugas possuem as patas firmes e fortes , o que traduz o equilíbrio e a estabilidade.
Origami, além de desenvolver nossa capacidade de auto expressão, desenvolve a auto estima, integração social, exercita e aumenta a nossa concentração, pois enquanto as mãos se movimentam ativam os dois lados do cérebro.
Outros benefícios do origami são: desenvolvimento da inteligência espacial, atenção, paciência, memória e imaginação.
Por essa razão, ele é importante em qualquer idade e para todas as pessoas, principalmente para aqueles que gostam de trabalhar com as mãos e querem exercitar sua paciência, criatividade.
É frequente encontrar nas papelarias Kits próprios para fazer o Origami. São vários papéis coloridos de diversos tamanhos. É mais fácil comprar o kit assim do que o papel avulso,mas isso funciona direito para aqueles que se dão BEM com dobraduras ( o que não é meu caso).Nas livrarias, há milhares de exemplares mostrando como fazer as famosas dobraduras de Origami passo a passo. Agora, quem preferir já adquirir os origamis prontos, no Bairro da Liberdade há um senhor chamado Paulo que vende nos dias da feira na praça ( aos sábados e domingos : das 10h00 às 17h00). Ele tem um mais lindo que o outro. Faz fileiras de tsuru e outros animais também, todos com pedaços de cristais, espelhos, pedrinhas, miçangas...Uma coisa, tem que ver.
O telefone dele para quem mora aqui em São Paulo é : (11) 2451-9031 ou (11) 9829-0949. Paulo ou Regina.
Quem tem facilidade em fazer isso, por favor me ensine qual é o truque e a fórmula. Quem sabe um dia eu ainda aprendo...rs